Os desafios para o reconhecimento da endometriose como doença social

Como parte da programação do Dia Nacional de Luta contra a Endometriose, a Câmara de Vereadores de Salvador promoveu uma audiência pública para debater os desafios para o reconhecimento da endometriose como doença social, para que sejam estruturadas políticas públicas de combate a essa anomalia.

Além de ouvir as reivindicações e conhecer melhor o dia a dia das pacientes que convivem com a doença, o evento reuniu, em meados de maio, especialistas – dentre os quais destaca-se a presença do diretor técnico do Centro de Endometriose da Bahia, Marcos Travessa.

Realidades distintas

No decorrer do evento, os debates ficaram centralizados acerca dos investimentos que precisam ser feitos na infraestrutura do Sistema Único de Saúde para melhor atender as pacientes.

“Conheço as duas realidades. Sou médico de pacientes com planos de saúde e recursos particulares, mas atendo também a mulheres usuárias do SUS. Gostaria de ver o mesmo padrão de qualidade disponibilizado para todas”, ponderou Travessa.

A análise do especialista vai ao encontro das deficiências apontadas pelas usuárias. Entre as principais reivindicações, estão a maior agilidade na marcação de exames específicos, aquisição de materiais de suporte para cirurgias complexas, aumento da capacidade de atendimento ambulatorial e implantação de equipe multidisciplinar.

Consequências devastadoras

As consequências do diagnóstico tardio ou da falta de acompanhamento especializado podem ser devastadoras para a paciente que possui endometriose. O alerta foi reforçado por Mayra Damasceno, coordenadora do grupo de apoio a portadoras de Endometriose (EndoBaianas).

“Diariamente, vemos depoimentos de cidadãs que perdem empregos, maridos, e até a vontade de viver por causa das fortes dores e demais sintomas. Não é raro ver meninas mutiladas, sem útero, ou mulheres com pensamentos suicidas, quando não o executam”, desabafou.

E, de fato, ela tem razão. Em média, as pacientes levam cerca de sete anos e meio entre a primeira consulta e a confirmação do diagnóstico. Ademais, essa doença não afeta apenas o corpo.

Algumas mulheres podem ser acometidas por uma condição incapacitante, tão intensas as dores que sentem. Com isso, não conseguem trabalhar ou realizar suas atividades cotidianas.

Até mesmo o casamento – por conta da dor durante o ato sexual – ou as relações familiares podem apresentar estremecimento, uma vez que a endometriose pode levar a um quadro de depressão. Por reverter esse quadro, é importante que a endometriose seja reconhecida como doença social.

Conjunto de ações

A audiência pública que aconteceu em 08 de maio foi mais uma das iniciativas para conscientizar a população baiana sobre a endometriose e suas consequências para a mulher portadora.

Em 24 de Março, Salvador foi uma das cidades brasileiras que serviu como ponto de concentração para a Endomarcha, uma iniciativa que convocou mulheres portadoras de diversas partes do planeta a saírem às ruas.

Em breve, também será anunciada a nova data da 5ª edição do Endoencontro, evento que se destaca pela abordagem de temas de interesse das portadoras de endometriose. Além de conhecerem outras pessoas na mesma situação, elas poderão sanar suas principais dúvidas sobre o tema.

Todas essas ações são planejadas para contribuir com o reconhecimento da endometriose como doença social. Compartilhe este post em suas redes e demonstre seu apoio à causa: esta também é uma maneira de ajudar a paciente!

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